domingo, 16 de outubro de 2011

Uma lágrima que cai

Algumas pessoas choram por estarem tristes, alegres, felizes, outras por sentirem dores, saudades. Ao homem estão reservadas experiências fáceis e também difíceis. Inevitavelmente as lágrimas rolam pelo rosto, numa mistura de sensações.

Há beleza na lágrima que cai. Lágrima comportada que vai descendo lentamente, sem errar sua rota, sem desaparecer do caminho. Houve um motivo para que ela surgisse, não importa agora qual. Lágrimas caem pelo seu rosto triste. Observo aquelas gotinhas descendo encruzilhadas, como se quisessem me dizer algo.

Foi então que percebi como aquela lágrima era bela. Quis fotografá-la, parecia perfeita, mas seria uma representação inútil. Desejei que aquela imagem permanecesse. Nunca uma lágrima falou-me tanto. Quis ser aquela lágrima, transparente, livre a passear por aquele rosto.

Fitei-a perdidamente. Quis entender sua constituição, como se formaria, que elementos comporiam uma lágrima. Fiquei nessas divagações por alguns minutos. Pensei como cientista que quer explicação para tudo. Vi que aquela lágrima queria se fazer única, existir na solidão, no adiantar da hora que não chega.

Na minha aventura de ser lágrima, percorreria os rostos alegres, anunciaria a vida, tal qual o choro de uma criança ao nascer. Uma lágrima não tem limites, não se oculta, não se perde. Uma lágrima se eterniza na dor, na saudade, na esperança.

Lágrima silenciosa, que não avisa quando vai chegar. Faz-se companheira nas noites desérticas, sem alaridos, sem filosofia, sem teoria. Lagrimas que vem de um coração que chora e não quer a partida. Encarrega-se a lágrima de umedecer a alma, pois o corpo jaz sem mistério. Pobre lágrima, dela retiro o oxigênio que me faz acalmar minha tamanha dor.

Socorro Pinheiro
Professora mestra.

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