sábado, 27 de agosto de 2011

Histórias de sorriso e de esperança

Liduina Maria Araújo Lima e Francisco Alan da Silva descobriram que algo estava diferente, procuraram cuidados e deram início ao tratamento. Mas eles têm muito mais em comum: a esperança de que a cura é só uma questão de tempo. %u201CEu vou me sair disso. O importante é não ter medo%u201D, reensina ela. %u201CQuando você acredita que tudo vai dar certo, até a medicação que você toma funciona melhor. Eu sinto que nasci de novo%u201D, atesta ele
Alan sente que nasce de novo - retoma os sonhos e quer ser pai/  Liduina é toda otimismo. Ela sabe que não é preciso se entregar à doença  (FOTOS EDIMAR SOARES ) Alan sente que nasce de novo - retoma os sonhos e quer ser pai/ Liduina é toda otimismo. Ela sabe que não é preciso se entregar à doença (FOTOS EDIMAR SOARES )

A vida ativa, cheia de afazeres, de repente precisou desacelerar. A aposentada Liduina Maria Araújo Lima, de 61 anos, é daquelas pessoas que, “desde novinha”, gostam de cuidar da casa, dos filhos e dos animais de estimação. Um ritmo que foi, temporariamente, perdendo força (não esperança!) quando ela se descobriu com linfoma, no início deste ano.

Os primeiros sinais apareceram em outubro de 2010. “Começou na virilha esquerda. Eu sentia uns inchaços, mas achei que fossem aquelas ínguas que a gente tem. Até pensei: ‘olha, é o que dá eu trabalhar demais’. E nem liguei porque não doía”.

A preocupação de dona Liduina só começou quando os inchaços apareceram também no pescoço. “Foi coisa de dois meses. Em pouco tempo, eu já contava uns 10 caroços, principalmente atrás da orelha. Os da nuca já estavam do tamanho de um limão”. Em dezembro seguinte, ela decidiu buscar ajuda médica.

No posto, alguns exames foram passados e ela foi logo encaminhada ao Instituto do Câncer do Ceará (ICC). O diagnóstico que ela já previra foi confirmado em 21de janeiro deste ano: linfoma não-Hodgkin, agressivo, do tipo difuso de grandes células. Já se apresentava no estadio III. Em março, começaram os tratamentos e os nódulos começaram a desinchar.

No último dia 18, dona Liduina estava em uma sala de espera, aguardando a quarta sessão da quimioterapia. Se tudo correr bem, ela para na sexta dose; senão, vai continuar até a oitava, dependendo da resposta do organismo ao tratamento. “A gente fica triste, porque eu levava uma vida normal, sem excessos, e, de uma hora para outra, tudo muda. Mas eu vou me sair disso. O importante é não ter medo, é encarar o tratamento com seriedade, não se entregar à doença. Não me preocupo com a cura, ela é uma questão de tempo”, diz sorridente, confiante.

Nascer de novo

O jovem agricultor Francisco Alan da Silva, de 22 anos, natural de Solonópole, estava “casado de pouco”, quando descobriu um nódulo pequeno no pescoço, em novembro de 2010. “Fui ao médico, e ele me disse que era só tireoide”. Pouco tempo depois, Alan começou a se sentir mais cansado do que de costume, sensação acompanhada de tosse constante e falta de ar. O nódulo também aparentava maior e mais avermelhado.

“Aí, me preocupei mais e decidi vir para Fortaleza para ver o que era. Quando me falaram, eu fiquei sem saber o que fazer, porque nunca tinha sentido nada e me achava novo para ter câncer. Não sabia nem o que era esse linfoma”. Alan descobriu que estava com a Doença de Hodgkin.

Com o pescoço já todo tomado pelos inchaços dos gânglios, começou o tratamento em março, vindo à Capital de 15 em 15 dias, sempre acompanhado da esposa Antônia Verônica Campelo, de 24 anos. “Ele ficou muito triste, porque fazia só um ano que a gente estava casado. Eu conversava muito com ele, tinha medo que ele caísse numa depressão”, relata Verônica.

Há duas semanas, o sorriso e o bom humor de Alan enchiam de orgulho a companheira Verônica. A expressão dele revelava que a fase difícil já passara. O casal estava em Fortaleza para a última das 11 sessões de quimioterapia a que Alan se submeteu nos últimos meses. “É a última para ficar curado de vez”. Um diagnóstico dado pela emoção, mas prontamente confirmado pela médica responsável por acompanhá-lo.

Para Alan, sair do hospital naquele dia representava um recomeço de vida, a retomada de sonhos. “Muita coisa mudou na minha vida. Acho que quando você acredita que tudo vai dar certo, até a medicação que você toma funciona melhor dentro do corpo. Eu sinto que nasci de novo.” Olhando Verônica, ele faz planos. “Meu maior sonho hoje é ter um filho”, sorri. (Sara Rebeca Aguiar)

Fonte: Opovo.

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