segunda-feira, 5 de março de 2012

População paga para ter segurança pública

A falta de um melhor serviço na área da Segurança Pública está refletindo diretamente na sociedade de Aiuaba, município localizado na região dos Inhamuns. Os moradores alegam que, para terem atendimento a alguma ocorrência policial, na zona rural, têm que pagar o frete de um veículo a fim de os policiais militares possam deslocar-se a estas comunidades. Isso porque a unidade policial, que há na cidade, não conta com viaturas.

As ocorrências, que chegam a ser registradas na pequena casa, sem estrutura, onde funciona precariamente, estão sendo feitas em motos sucateadas da Polícia Militar. Os soldados têm que percorrer até uma distância de 75 quilômetros, entre a sede até o distrito mais distante, sem a mínima segurança. No Destacamento Militar, faltam armamentos, impedindo os policiais de agirem em caso de assaltos e outros delitos.

O líder comunitário Pedro Feitosa de Oliveira, por exemplo, afirma que a situação é desconfortável para a população de Aiuaba. “Chega ao cúmulo de termos que fretar um veículo para que os policiais possam atender as ocorrências na zona rural devido à falta de uma viatura. Eu acho que está havendo uma descriminação com a população, que não tem a mínima segurança”, desabafa.

Para o líder comunitário, não se concebe, hoje, Aiuaba passar por esse tipo de problema. Somos um dos únicos municípios do Ceará, onde os moradores vivem tamanha insegurança. Caso ocorra um assalto a uma agência bancária ou a qualquer estabelecimento comercial, os policiais nada poderão fazer, pois estão de mãos atadas”, reclama.

Conforme ainda Feitosa, desde 1976 foi doada, pela Prefeitura, um terreno destinado à construção de uma Cadeia Pública em Aiuaba. Entretanto, até hoje, mesmo após várias reivindicações feitas pela população, não há nada de concreto. Alguns moradores temem até andar pelas ruas do município, em razão do aumento da marginalidade. Como a cidade faz fronteira com o Piauí, Cariri e Inhamuns, a vulnerabilidade torna-se ainda maior, no item Segurança.

ABANDONO
O servidor publico federal Manoel Cipriano de Alencar, denuncia que a população de Aiuaba está abandonada e relegada a segundo plano, porque desde o ano passado as pessoas vivem intranquilas, com medo até de sair da sede para a zona rural, devido à insegurança. “Está se instalando o clima do medo, porque tememos sermos assaltados ou mortos e não temos segurança. Os comerciantes trabalham intranquilos. Sempre que chegam ao comércio pessoas diferentes, eles ficam temendo serem assaltantes”, declara.

Conforme explicou, no caso de apreensão de pessoas em flagrante, elas são conduzidas para o município de Tauá, distante 70 km, ou para a Delegacia de Arneiroz a 32km. Por outro lado, na unidade policial da cidade, não tem uma única cela. O meio de comunicação existente no local é um velho orelhão, na calçada do prédio, que fica exposto ao sol e à chuva, para que a comunidade possa se comunicar com os policiais, em casos de ocorrências. “Esperamos que o Governo do Estado reveja esta situação, caso contrário, as coisas tendem a piorar cada vez mais”, completa.

SITUAÇÃO
CONSTRANGEDORA
Um dos policiais que pediu para não ser identificado, relata estarem trabalhando em situação constrangedora, devido não terem a menor estrutura de trabalho. “Além do contingente ser pequeno, estamos nos limitando até para atender as ocorrências, porque quando a sociedade necessita da Policia Militar, nós não temos como nos deslocarmos, a não ser em caso da própria população ter que pagar um veículo particular para irmos resolver o problema”, informa.

O município de Aiuaba, com uma população de 16 mil habitantes, conta com um contingente de apenas sete policiais. A reportagem procurou um contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública, para falar sobre o assunto, mas não obteve êxito até o frechamento desta edição. (Por Amaury Alencar).

Jornal O Estado.

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