quarta-feira, 28 de março de 2012

Irregularidades prejudicam estação das chuvas no Estado

PLUVIOMETRIA NO CEARÁ
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Açude Ubaldinho, em Cedro, começou a sangrar ontem. O reservatório está sangrando com uma lâmina de 5 cm
FOTO: HONÓRIO BARBOSA
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De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Crato, as precipitações irregulares já prejudicaram pequenos produtores da região
FOTO: ELIZÂNGELA SANTOS
Em uma mesma região, a Funceme registra boas chuvas e veranicos, o que compromete os cultivos da agriculturaIguatu. Depois de Fortaleza, que registrou a maior chuva do ano ontem, com 197 milímetros, São Gonçalo do Amarante (111mm) foi o Município do Ceará que concentrou maior pluviometria no Interior, segundo a Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme).Além deste Município do Litoral Norte, também registraram fortes precipitações as cidades de Iguatu, na localidade rural de Açude do Governo (97mm); Meruoca (77mm) e Lavras da Mangabeira (71mm). Ao todo, houve registro de chuva em 66 cidades. Ontem, o açude Ubaldinho, em Cedro, começou a sangrar e, agora, são cinco reservatórios no Ceará que permanecem transbordando.As chuvas permanecem isoladas e, no geral, de baixa pluviometria e com má distribuição. Esse quadro é resultado de baixas temperaturas verificadas no Atlântico Sul, que deveria estar mais aquecido. A tendência, até hoje, é de ocorrência de chuva localizada, com predominância no Litoral Norte. "A Zona de Convergência Intertropical associada a um sistema de Vórtice Ciclônico de Alto Nível tem provocado essas precipitações dos últimos dias, mas de características isoladas", observou o meteorologista da Funceme, Paulo José dos Santos.PrejuízosSegundo a Funceme, a maior chuva do ano havia sido registrada em Beberibe, no Litoral Leste, em 26 de fevereiro passado, de 180mm. "Esse quadro de chuvas isoladas tem prejudicado o crescimento da lavoura em várias regiões do Estado", observa Paulo José dos Santos. "Temos informações de que, numa mesma propriedade rural, há desenvolvimento da lavoura em uma área, mas não em outra".Uma das regiões mais críticas no Estado é o Sertão Central. Nos Municípios de Milhã, Solonópole, Deputado Irapuã Pinheiro e Senador Pompeu as chuvas estão muito reduzidas, bem abaixo da média. Neste mês de março, até ontem, choveu apenas 9mm. O acumulado de janeiro e fevereiro passados é de 146mm. "A situação nesses quatro Municípios é muito crítica. Não temos inverno e não há plantio", diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Milhã, Mairton Batista. "A terra permanece seca e está ficando tarde para plantar". No Município de Mombaça, área divisória entre a Região Centro-Sul e o Sertão Central, o quadro é apenas favorável nas áreas de serra. "Há produtor que já fez dois plantios e perdeu porque as chuvas são irregulares e isoladas", fala o agente rural do escritório da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), Marcos Farias. Neste mês, até ontem, choveu 64mm. Nos dois primeiros meses deste ano, o acumulado foi de 154mm.A novidade, na manhã de ontem, foi a sangria do Açude Ubaldinho, na Bacia do Alto Jaguaribe, em Cedro. O reservatório tem capacidade para acumular 32 milhões de metros cúbicos e está sangrando com uma lâmina de 5cm. Há dois dias, o Açude Muquém, na Bacia do Alto Jaguaribe, em Cariús, começou a transbordar.Agora, são cinco açudes sangrando, todos localizados na região Sul do Ceará. A barragem do Ubaldinho foi a sexta a transbordar neste ano. O primeiro foi Tijuquinha, em Baturité, que ontem estava com um volume de 97% de sua capacidade. Além do Ubaldinho, estão sangrando: Valério, no Município de Altaneira, Junco, em Granjeiro, Rosário, em Lavras da Mangabeira, e Muquém, em Cariús.Recursos hídricosSegundo a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), seis barragens estão com volume acima de 90%. São elas: Gavião, Tijuquinha, Quixeramobim, Orós, Trussu e Ubaldinho. Há 18 reservatórios com volume inferior a 30%.No geral, as verificações de chuvas isoladas e de baixa pluviometria, em fevereiro e neste mês, não têm contribuído para o aumento significativo do acúmulo de água nos 134 reservatórios do Estado, monitorados pela Cogerh, em parceria com o Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs).Nas principais bacias hidrográficas, os rios ainda não ficaram cheios, nesta quadra invernosa. Por isso, o volume total acumulado até ontem permanecia o mesmo do começo do mês, com 70%.De acordo com a Coordenadoria de Defesa Civil do Ceará, não houve ocorrência de danos em São Gonçalo do Amarante, no distrito de Alencar, em Iguatu, na Serra da Meruoca, e em Lavras da Mangabeira, onde foram registradas as quatro maiores precipitações do dia de ontem."A situação permanece normal, sem registro de ocorrência de danos no Interior", disse o capital Marcos Diógenes, do setor de Monitoramente de Risco. "Não temos registro de pedidos de avaliação e de envio de equipe, exceto problemas ocorridos em Fortaleza", completou.As chuvas isoladas da quadra invernosa não contribuiu para o aumento significativo do acúmulo de água nos 134 reservatórios do Estado, monitorados pela Cogerh. Entretanto, para a Companhia, a situação é confortável, pois durante a quadra invernosa no ano passado houve recarga significativa dos reservatórios do Estado.Mais informações:Funceme em FortalezaFone: (085) 3101.1088Site: www.funceme.br Cogerh: (85) 3218.7020Defesa Civil: (85) 3101. 2120HONÓRIO BABOSAREPÓRTERAgricultores temem comprometimento da safraCrato. As poucas precipitações registradas durante o mês de março, principalmente no Dia de São José, preocupam os agricultores do Cariri. Caso não tenha uma regularidade de chuvas no mês de abril, a safra poderá ficar bastante prejudicada. Pelo menos é a constatação inicial do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Município do Crato.Segundo o secretário do Sindicato, José Hildo Silva, a chuva registrada no início deste semana veio em boa hora, principalmente nessa fase do equinócio. No Cariri, as chuvas da pré-estação, no final da dezembro e início de janeiro, foram suficientes para os agricultores plantar. Também ocasionou prejuízos para muitos produtores, chegando a até 80% do primeiro plantio.Conforme José Hildo, essa precipitação, em um ano em que a média de chuvas está bem menor que o anterior, tem sido preocupante, pois houve uma redução da área plantada no Município. E isso poder ser visto em outras localidades da região. Ele ressalta que essa perda inicial pode representar uma diminuição no plantio de pelo menos 30%. É que os agricultores preparam a terra para o primeiro plantio e, quando perdem o roçado, fazem uma segunda plantação, só que num espaço menor.O secretário afirma que foi realizada uma avaliação inicial com técnicos da Empresa de Assistência Técnica de Extensão Rural do Ceará (Ematerce) da área plantada com as sementes do Hora de Plantar, já cultivadas até o mês de fevereiro deste ano, chegando à área plantada de cerca de 90% para o feijão, 60% para o milho e 50% de arroz.José Hildo avalia que a irregularidade das chuvas acabam causando sérios prejuízos, mas existe a esperança de que, no mês de abril, haja uma continuidade maior na quadra invernosa. A colheita acontece no mês de maio, um pouco mais tarde do que nos anos anteriores.Chuvas regularesDe acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), o inverno se configuraria apenas após o dia 15 de fevereiro. A partir daí, as chuvas se tornaram mais regulares na região, mas com um espaço longo entre uma precipitação e outra.A maior chuva registrada no Município, de acordo com órgão, chegou a 92 milímetros. Na última segunda-feira, pluviômetros particulares na localidade de Dom Quintino, na cidade, registraram uma chuva de 150 mm. Este é a local com maior índice de chuvas na cidade.Segundo José Hildo, em janeiro deste ano, foram registrados apenas 72 milímetros, enquanto no ano passado foram 476mm. "Estamos na expectativa e esperando que haja uma safra boa com o que tem plantado. Existem locais em que houve o plantio três vezes, e isso acaba afetando a produção", avalia.O agricultor Pedro Francisco do Nascimento, do Sítio Cipó, em Crato, decidiu plantar feijão na primeira chuva de janeiro e perdeu grande parte do que cultivou. Já para o pequeno produtor José Luiz Braz, o prejuízo foi bem maior, chegando a 80%. "A chuva veio atrasada e tive que preparar tudo de novo", diz ele.O presidente do Sindicato, Antônio Alves da Gama, disse que essa situação de irregularidade do inverno acabou prejudicando o pequeno produtor, que muitas vezes se sente desestimulado de realizar o mesmo plantio, depois de perder boa parte já plantado no início do ano. Uma das vantagens, mesmo com os espaços sem chuva, é que não houve registro de pragas no roçado.NÚMERO92 milímetros foi o maior índice de chuvas registrado pela Funceme no Município. Em janeiro deste ano, foram 72mm, enquanto que, no ano passado, foram 476mmMais informaçõesSindicato dos TrabalhadoresRurais do Crato - Rua Pedro II, nº 56, Centro - Crato/CE Telefone (88) 3523-3809.
Fonte: DN.

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