quinta-feira, 10 de junho de 2010

Caminhada da Seca em Foco

Caminhada da Seca em foco na Web Foto-exposição resultante do Projeto Meu Sertão Minha Cultura contemplado pelo PROGRAMA MICROPROJETOS MAIS CULTURA – EDIÇÃO 2009, na área de artes visuais, com o objetivo de mostrar a diversidade das manifestações da cultura do município de Senador Pompeu. O projeto tem a parceria do Instituto Casarão e Federação das Associações Comunitárias de Senador Pompeu, com o apoio da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, Banco do Nordeste, Mais Cultura, Funarte e Ministério da Cultura.
Inicialmente apresentamos a Web Foto-exposição da Caminhada da Seca, primeiro resultado do projeto com material pesquisado em arquivos e apresenta fotos de diferentes épocas, dos artistas Karla Samara, Fram Paulo, Reginaldo Araújo e Pe. João Paulo, dentro da proposta de produção de conteúdos livres para Web. Em breve disponibilizaremos novas Web exposições.


Sobre a Caminhada da Seca - Tema da Web Foto-exposição

No ano de 1932 houve grande seca. Os sertanejos eram obrigados a se deslocarem em busca da sobrevivência. Como forma de evitar invasões em grandes cidades, o Governo instaurou Campos de Concentração de flagelados em locais estratégicos, prática iniciada durante a seca de 1915. Um dos campos de concentração ocorreu no município de Senador Pompeu, aproveitando o complexo que foi erguido entre os anos de 1919 e 1923 pelos ingleses como infra-estrutura para a construção da Barragem do Patu. A obra foi paralisada no ano de 1923, ficando um conjunto de imponentes casarões e vila operária, conhecida por Vila dos Ingleses, pertencente ao DNOCS.
Os flagelados da seca eram atraídos com a promessa de emprego, alimento, roupas e remédios. O que de fato não acontecia. Milhares de sertanejos dirigiram-se a Senador Pompeu, com esperança de pelo menos ter um pouco de comida para saciar a fome. Mas na verdade o que aconteceu neste município foi uma grande tragédia, violação dos direitos humanos. As pessoas que adentravam no campo de concentração eram impedidas de saírem e não tinham assistência adequada, logo a doença, a fome, a sede, o sol quente, provocou a morte de milhares de flagelados, que eram enterrados em valas comuns e tinham o fígado arrancado. Foi muito sofrimento, segundo relatam os sobreviventes da seca de 1932.
Na cultura nordestina a religiosidade popular é muito forte e impera o sentimento de que o sofrimento purifica. Ficou no imaginário popular dos habitantes da região, que as almas dos flagelados do campo de concentração, sofreram tanto que mereceram a salvação. E mais, assim como Jesus morreu na cruz para nos salvar, os flagelados sofreram por nós, portanto são almas santas. As Santas Almas da Barragem, que obram milagres, que intercedem pelo povo que sofre, que ensina o caminho da fé e da esperança, para que tal fato nunca mais venha acontecer nos sertões do nordeste.
No ano de 1973 um grupo de religiosos e alguns populares construíram um cemitério no local onde ocorreu o Campo de Concentração, com uma capela e dois cruzeiros, para que os familiares e devotos das almas da barrarem pudessem fazer suas orações e agradecer pelas graças alcançadas. No ano de 1982, um padre Italiano Albino Donatt, chamou os paroquianos para fazerem uma caminha saindo cedo da manhã da Igreja Matriz até o Cemitério da Barragem. A caminhada virou tradição. Todo segundo domingo de novembro milhares de pessoas caminham em procissão até o cemitério onde é celebrada uma missa em homenagem aos que sofreram no Campo de Concentração de 1932. O Cemitério da Barragem é considerado um campo santo para a comunidade e alimenta a fé das pessoas, que a cada ano aumenta a peregrinarão ao Santuário da Seca no Sertão de Senador Pompeu.
A caminhada da seca é importante no sentido de manter viva a nossa memória histórica. Para não esquecermos o sofrimento de tantas pessoas. Para que possamos garantir que nunca mais tal fato venha acontecer. É importante também pela fé, pela devoção que a comunidade tem para com as almas da barragem que obram milagres. Tem um ditado que diz: “santo de casa não obra milagre”. No caso de Senador Pompeu, as santas almas da barragem obram milagre sim. E é um caso peculiar em que o santo é coletivo, o povo virou santo, o santo milagreiro são as almas do povo que intercede pelo povo.

Veja as fotos, comente e indique a outras pessoas.

Link:http://institutocasarao.blogspot.com/p/web-foto-exposicao.html

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